Berrante, como é feito e sua importância
Símbolo da lida boiadeira, o berrante é um dos mais tradicionais instrumentos do universo sertanejo.
Ele é parte da nossa cultura e sua história percorre todo o país.
“Toque o berrante, seu moço. Não deixe o gado parar”
A canção de Pedro Bento e Zé da Estrada já avisa que, sem um berrante, a comitiva não funciona.
Assim, ele é criação dos tropeiros, mais de 3 séculos.
O berrante representa o folclore, a cultura e a memória sertaneja.
Dessa maneira, a sua importância é notada no dia a dia, em que é usado para conduzir o rebanho no posto durante o pastoreio, mostrando-se se um instrumento muito eficiente no trabalho.
Além de o gado obedecer o toque do berrante, seu som também serve para facilitar a comunicação com os companheiros de trabalho, os chamados berranteiros.
Por isso, os tropeiros inventaram inúmeros tipos de toques e repiques para o berrante, cada um deles com uma serventia.
Enfim, pra quê serve o som do berrante?
Bora descobrir!
Toque de saída ou solta
Antes de tudo, o toque de saída é usado para despertar as pessoas e preparar a boiada para o momento de partir para começar ou retomar uma longa viagem.
Ou seja, ele é a opção perfeita para a arrumação e saída da tropa.
Toque de estradão
Utilizado para animar a boiada em caminhos difíceis e longos.
Isso porque o som deste toque agrada muito a boiada.
Toque rebatedouro
Essencialmente, este toque é usado em situação de perigo.
Como para dizer que algum cavalo, boi ou mula se perdeu ou há algo estranho na estrada.
Toque queima do alho
Antes que a fome bata, sim, este toque é para a hora do rango!
Pois ele avisa que chegou o momento da parada para os horários de refeição.
Toque livre ou floreio
É o momento de lazer e celebração.
Muitas vezes, esse toque também é usado para saudar amigos ou paquerar mulheres dos locais que passavam.
Alguém que “manja dos paranauês” consegue fazer com que o som do berrante seja ouvido em um raio de 3 km.
Inclusive, a tradição é tão forte na cultura sertaneja que hoje existem concursos realizados em todos os cantos do país, para eleger o melhor tocador.
Como eram feitos os berrantes
Logo no início, os berrantes eram fabricados com chifres de boi da raça pedreiro.
Pois os chifres desta raça podiam chegar a medir 1,5 metros.
Nessa época, o instrumento já pronto era maior que um metro e produzia um som forte e agudo.
Depois começaram a confeccionar o berrante com bocas maiores.
Dessa forma, alguns modelos chegaram a ter chifres com 40 cm.
Estes ficaram conhecidos como “berrantes anéis de prata“.
Alguns lugares mantêm a tradição e produzem o berrante ainda artesanalmente.
Apesar de a produção enfrentar dificuldades para obtenção da matéria-prima.
Pois não se encontra mais tão facilmente na pecuária chifres de qualidade como no passado.
Hoje, os berrantes são produzidos principalmente com chifres da raça gir e guzerá e possuem geralmente de 3 a 5 emendas, com tamanho de até 1,10 metros.
Em regiões próximas a Mato Grosso do Sul, é possível ouvir nomes diferentes para designar o berrante, como guampa, binga ou buzina.
Mas não importa como você o chama, os amantes da cultura sertaneja nunca vão deixar esta tradição morrer.
Pois até quem não sabe tocá-lo tem admiração pelo instrumento, que decora a casa e logo identifica o amor do morador pela nossa terrinha.
E aí, bora aprender a tocar um berrante?
A gente se vê nas trilhas.
Tchauu!
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