O Pantanal de Mato Grosso do Sul abriga mais de vinte espécies de besouros da família Scarabaeidae, aquela dos escaravelhos ou o famoso rola-bosta.
Bem discreto, o rola-bosta tem um trabalho muito importante para a natureza, mesmo quando invisível aos nossos olhos, fazendo a reciclagem de nutrientes do solo.


Definido por seus hábitos alimentares e reprodutivos, o besouro rola-bosta recebeu esse nome por ter fezes na janta todos os dias.
Rola-bosta atua como ajudante da natureza
Apesar do estranho hábito de se alimentar de fezes, o rola-bosta tem esse nome por seu comportamento reprodutivo.
Como assim?
No período reprodutivo do rola-bosta, ele busca por áreas em que outros animais defecam, momento em que prepara as bolinhas de excremento (erg), usadas para a criação de ninhos e alimentação de larvas e adultos.
Ou seja, o rola-bosta manipula, em forma de bolinhas, porções das fezes desses mamíferos. Essas massas fecais são transportadas e feitas de ninhos ou galerias cavadas pelos próprios rola-bostas.
O rola-bosta enterra a bolinha de cocô dentro do buraco.


As larvas do rola-bosta têm peças bucais fortes e, quando que começam a comer, devoram a bolinha de fezes deixada pela mãe e ali se desenvolvem até que estejam prontas para viver fora da proteção da “toca” feita no solo.
Essa ação faz com que o rola-bosta atue em diferentes serviços ambientais, como controle de pragas, dispersão secundária de sementes, reciclagem de nutrientes e aumento da biomassa de plantas.
Além disso, essa característica ainda atrapalha a proliferação de nematoides e moscas parasitas, o que contribui com a saúde dos bovinos.
O papel do besouro rola-bosta é tão essencial que os fabricantes de pesticidas sistêmicos (ingeridos pelo gado) agora pesquisam fórmulas mais eficazes contra os parasitas, porém, que não cause dano aos besouros.
O besouro rola-bosta ainda ajuda na diminuição de gases contribuintes para o efeito estufa em pastagens, colaborando na indicação de alterações ambientais que levam à conservação da região.
Por todos esses benefícios, o rola-bosta é um componente essencial no sustento do ecossistema em que está inserido.
Rola-bosta também é conhecido como escarabeu, carocha, capitão, coró, bicho-bolo e bicho-carpinteiro


Pelo comportamento dos rola-bostas, no Egito Antigo, os rola-bostas eram seres sagrados, sendo usados em amuletos, tumbas e sarcófagos de grandes farós, relacionando-o com a vida após a morte e a reencarnação.
Os rola-bostas eram ainda muito usados nas mumificações para proteger o morto no caminho para o além.
Diante dessa ideia de ressurreição, os egípcios ainda acreditavam que o Sol nascia e morria todos dias e que uma das formas do Deus Sol, Khepri, se transformava em um besouro rola-bosta, a fim de “rolar” o Sol de um lado (nascimento, nascer-do-sol) para o outro (morte, pôr do sol).
Esquisitos e às vezes bem barulhentos, os besouros rola-bostas são fonte de alimento para aves, peixes e pequenos roedores no Pantanal.
Para nós, todos esses são motivos para promover estudos e preservação da população do rola-bosta no bioma Pantanal.
Então, atenção, pantaneiros e visitantes, às nossas invisíveis criaturas.