É típico do Pantanal: viola de cocho - Aquele Mato

É típico do Pantanal: viola de cocho

Prepara os dedos, Mateiro! Hoje vamos falar da viola de cocho!

Antes de mais nada, este instrumento musical é reconhecido como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Com certeza, você já deve ter ouvido seu som em alguma música local.

Pois ela é um instrumento típico do Pantanal.

Principalmente nos estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso.

Assim, ela é associada ao cururu e siriri, duas manifestações folclóricas e bastante difundidas na região Centro-Oeste do Brasil.

Isto é, ritmos tradicionais do Pantanal.

Inclusive, o polo de referência da produção e difusão do universo cultural da viola de cocho está em Mato Grosso.

Isso porque boa parte dos cururueiros de Corumbá e de Ladário migraram de muitas localidades pelo Rio Paraguai acima, antes da divisão dos estados.

Porém, as fronteiras geopolíticas não necessariamente dividem as fronteiras culturais.

Então a criação do Estado de Mato Grosso do Sul não separa a cultura de tradições enraizadas muito antes do fato político.

Agora, vem com a gente conhecer mais!

Quem criou a viola de cocho?

Segundo alguns pesquisadores, algumas semelhanças são suficientes para atestar que a viola de cocho é uma herança europeia.

Por exemplo, Julieta Andrade (1981) entende que o instrumento possui origem árabe e remonta ao antigo alaúde, instrumento de cordas dedilháveis.

Principalmente por causa do formato do corpo dos instrumentos.

Já que a viola de cocho e o alaúde se parecem em várias características.

Tais como o comprimento do braço, a quantidade e material para confecção das cordas e o uso de cravelhas.

Por outro lado, Abel dos Anjos (2002) atribui origem portuguesa à viola de cocho.

Ou seja, ela teria se difundido pelas escolas alemã, francesa e para outras localidades.

Inclusive o Brasil, na época das grandes navegações.

Contudo, ninguém pode negar que a viola de cocho é fruto da capacidade criativa do mato-grossense.

Pois a verdade é que a origem da viola de cocho está na tentativa de reprodução de um instrumento de cordas oriundo da Europa.

Qual o significado de viola de cocho?

Pra começar, o termo viola de cocho está relacionado à técnica de escavação da caixa de ressonância da viola em uma peça de madeira inteiriça.

Inclusive, esta é a mesma utilizada na fabricação dos cochos, recipientes em que é depositado o alimento para o gado.

Então, no cocho já talhado no formato de viola é onde é afixado um tampo.

Em seguida, vêm as partes que caracterizam o instrumento, como cavalete, espelho, rastilho e cravelhas.

A confecção é artesanal e determina variações de artesão para artesão.

Dessa forma, ela é composta por palheta, pestana, pontos, cordas, tampo, cavalete, corpo e cravelhas.

Ela pode ter o tamanho padrão ou standard, com 78 cm de comprimento.

Ou ser produzida como violinha, com 60 cm de comprimento.

Atualmente, a arte de esculpi-la é dominada apenas por alguns poucos violeiros.

Assim, a viola de cocho apresenta forma e sonoridade singulares.

O instrumento musical típico do Pantanal possui cinco cordas, cintura fina, quadris largos, caixa fechada e braço curto.

Corre aqui, ouvir um belo exemplo do som da viola.

Modo de fazer viola de cocho

Primeiramente, ela é fabricada artesanalmente a partir da madeira de diferentes espécies da flora regional.

Tais como a ximbuva, pinho cuiabano, a figueira, o sarã e o cedro-rosa.

Em geral, o artesão é também o tocador.

Assim, ele usa um molde para riscar a madeira.

Depois, ele escava o tronco até que as paredes fiquem lisas e finas.

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Foto: Acervo IPHAN

O braço é curto e possui uma paleta inclinada, com ângulo acentuado.

Após a confecção, a próxima etapa consiste em lixar a madeira e, posteriormente, envernizá-la ou não.

Contudo, essa parte fica a critério do fabricante, com ressalva para o tampo da viola, que não pode ser envernizado.

Pois pode comprometer o som do instrumento.

Agora, chega a hora de colar a pestana e o cavalete feito de teca.

Na palheta são feitos 8 furos para fixar cravelhas onde serão presas as cordas.

Da mesma forma que a palheta, as cravelhas têm formatos diferenciados, de acordo com o fabricante.

Inclusive, esse fato pode identificar quem foi seu criador.

Assim, as notas são dadas por três pontos, que equivalem aos trastes, feitos com barbante tratado com cera de abelha.

Finalmente, a última etapa consiste nas cavilhas na pestana, para dar passagem às cordas.

Dessa maneira, a maioria das violas possui cinco cordas, quatro cordas sendo de nylon e uma de aço.

Porém, esse número pode variar, assim como o orifício no tampão.

Após a afinação, a viola está pronta para dar ritmo e animar as festas tradicionais.

O Modo de Fazer a Viola de Cocho foi registrado, pelo Iphan.

Inclusive, você pode conferir no “Livro dos Saberes”, de 2005.

Violas de cocho podem ser personalizadas

Além do processo de produção da viola, ela ainda pode ser decorada.

Ou seja, você pode ter violas desenhadas a fogo e pintadas, ou mantidas na madeira crua, envernizadas ou não.

Inclusive, as fitas que vão nelas têm um significado.

Pois o número de fitas amarradas no cabo indica a quantidade de rodas de cururu em que a viola foi tocada em homenagem a algum santo.

Ao passo que cada santo possui sua cor particular.

Em síntese, cada cor representa a fé e devoção a um santo, na simbologia católica.

Por exemplo, o amarelo é utilizado no dia de Nossa Senhora da Conceição; o verde, no dia de São Gonçalo; o verde e vermelho, para S. Sebastião; o rosa, para S. João; o vermelho, para o Divino Espírito Santo; a branca, para Nossa Senhora das Graças; e o azul, para S. Benedito.

Assim, as festas reúnem devotos e um grupo de cururueiros para tocar e dançar.

Ocasionalmente para pagar uma promessa atendida por um santo de sua devoção ou como forma de demonstrar sua fé.

A princípio, os tocadores seguem todo um ritual religioso.

Depois, eles se divertem fazendo repentes que exigem grande habilidade para improvisar sobre temas reais de suas vivências.

Qual a importância da viola de cocho

Apesar das ameaças de desaparecimento do instrumento musical, a viola de cocho ainda é produzida e tocada pelas comunidades tradicionais rurais.

Dessa maneira, nossa cultura é mantida, à medida que eles reproduzem um saber transmitido por seus antepassados. 

Atualmente, a viola de cocho é vendida para lojas dos estados do Sul e do Sudeste do país.

Mas também chega à França, Grécia, Portugal, Espanha e EUA.

Pois é, o símbolo da identidade pantaneira conquistando o mundo.

Definitivamente, a viola de cocho é um um instrumento cuidado com muito respeito cururueiros.

Tendo em vista que eles aprendem a arte de fazer e tocar com seus pais ou parentes próximos e assim fazem com seus filhos, a cultura se perpetua.

E você, já conhecia esse instrumento da nossa região?

Então, comenta aí o que acha dela!

A gente se vê!

Tchaau!


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