Usina de Itaipu e as pontes em Mato Grosso do Sul
Há alguns meses, a notícia de que a usina Itaipu Binacional vai financiar a construção de duas pontes entre Brasil e Paraguai tomou conta dos jornais de Mato Grosso do Sul.
Uma das pontes será construída sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco, e a outra sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta.
Hoje, a principal ligação entre os dois países é a Ponte Internacional da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este.
Conforme o acordo entre os países, uma das pontes será construída no Rio Paraná, entre o bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu, e o município paraguaio de Puerto Franco, vizinho a Ciudad del Este, onde está localizada a Ponte Internacional da Amizade.
A outra ponte será construída sobre o Rio Paraguai, ligando o município de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai.
Por que a usina de Itaipu vai construir essas pontes?
Segundo empresários e políticos envolvidos, com a construção das pontes, “a usina de Itaipu estará investindo em duas importantes obras de infraestrutura, consideradas fundamentais e estruturantes para os países vizinhos, o que facilitará o comércio e a segurança na região de fronteira.”
A Advocacia-Geral da União destaca que a obra é necessária para atender o grande aumento do deslocamento de passageiros na Ponte da Amizade e que o planejamento estratégico de Itaipu prevê o estímulo ao desenvolvimento regional e ao bem-estar da população local.
A empresa de energia elétrica Eletrobras deu aval para a operação desde que não implicasse aumento das tarifas de energia — o que já foi descartado pela binacional – e conclui que a operação é viável juridicamente desde que Itaipu também não reduza os royalties que repassa à União.
“Itaipu tem um compromisso histórico com a região, principalmente em relação à área alagada”
Conforme a usina de Itaipu, projetos como esse são incluídos em “despesas com programas socioambientais”, em que entram programas de conservação do meio ambiente, saúde pública, educação, melhorias na infraestrutura, entre outros.
A primeira ponte, projeto mais antigo, desafogaria a ponte da Amizade, que – como já foi dito – está congestionada.
Porém, a ponte que sairia de Porto Murtinho, MS, indaga especialistas sobre por que é considerada uma área de influência da hidrelétrica, o que pode abrir precedentes para o financiamento de outros empreendimentos que não tenham ligação com Itaipu.
Dizem ainda que a medida pode encarecer a construção das pontes, por vincular o pagamento das obras à tarifa de energia, sobre a qual incidem impostos e encargos setoriais.
Itaipu: desenvolvimento e degradação
Desde que as obras da usina de Itaipu foram iniciadas, em 1975, sua construção contou com cooperação tanto do Brasil quanto do Paraguai, em um período em que ambos eram governados por ditaduras militares.
Os dois países assumiram a missão de mudar o curso do Rio Paraná para produzir energias e mudaram a história de duas nações, trazendo desenvolvimento, tecnologia e inovação.
Porém, também trouxeram degradação do bioma, morte de operários e a desapropriação de centenas de famílias.
A usina Itaipu está inserida em um ecossistema rico, que possui grande diversidade biológica, mas que está ameaçado pela ação do homem.
Na margem brasileira, situa-se entre dois parques nacionais: da Ilha Grande, que faz a transição entre a floresta estacional semidecídua, o Cerrado e o Pantanal; e do Iguaçu, uma das últimas reservas florestais de Mata Atlântica do tipo estacional semidecidual do Brasil e a maior reserva de floresta pluvial subtropical do mundo.
A importância que Itaipu possui hoje no cotidiano do nosso país e também de outros, é incontestável, (ganhou o título de maior usina de hidrelétrica do mundo em geração de energia limpa e renovável).
Ainda assim, precisamos salientar o quanto foi pago pela mão humana e pela natureza.
A consultora da Itaipu Binacional Lisiane Hahn reconhece que, em razão da sua magnitude, “a hidrelétrica de Itaipu provocou profundos impactos sociais e ambientais na bacia do Rio Paraná”.
Atualmente, a Usina de Itaipu Binacional promove programas que ajudam a combater os impactos causados à natureza.
Bom, para que este bioma não desapareça e cause problemas muito maiores, é sempre preciso mais. Mais cuidado e mais preservação.
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