Vale-destruição: o rompimento de barragens e o pesadelo continua
Mais um crime ambiental gravíssimo para a conta da Vale, com o rompimento da barragem na Mina do Córrego Feijão, em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro de 2019.
Com mortos e desaparecidos, o fato já era previsto por movimentos ambientais e órgãos de fiscalização.
Por sua importância, a construção de uma barragem exige uma série de burocracias, como autorizações, laudos técnicos, estudos de impacto ambiental, laudos anuais referentes à situação da barragem, monitoramento de áreas que podem sofrer mais impacto ou menos impacto, entre outros documentos e fiscalizações….
Coisa que nem sempre acontece como deveria.
Uma barragem de rejeitos é, basicamente, uma montanha, com camadas de cascalho e filtro vertical, usados para impedir que um mar de lama composto por água e resíduos de minério se infiltrem.
Ou seja, as barragens são utilizadas, em tese, para reduzir os impactos ambientais da mineração, não permitindo que os rejeitos de minério sigam para os rios, afluentes e nascentes.
Porém, se as barragens não forem adequadamente planejadas e fiscalizadas, podem causar os danos que vemos novamente agora, tão pouco tempo depois da catástrofe em Mariana, pelo mesmo motivo.
A presença da Vale em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, a Vale é responsável por 16 barragens de exploração de ferro e manganês.
Todas as barragens localizam-se no município de Corumbá, mais precisamente no Maciço do Urucum, região do Pantanal.
Segundo a Vale, o risco de um eventual rompimento de alguma de suas barragens afetar o Pantanal ou a cidade é muito pequeno, em razão da segurança e do constante monitoramento da estrutura, com a execução de serviços como limpeza de drenagem, controle de recirculação de água e inspeções do ponto de lançamento do rejeito
Porém, conforme o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia, não é somente o risco que importa, mas também o “Dano Potencial Associado”, ou DPA.
O DPA é o dano que pode acontecer em consequência de um rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem, independentemente da sua probabilidade de ocorrência, podendo ser graduado de acordo com as perdas de vidas humanas e impactos sociais, econômicos e ambientais.
Bom, e o DPA nos casos das barragens sul-mato-grossenses é considerado alto e preocupante.
Barragens de MS são vistoriadas
Mesmo que o governo de Mato Grosso do Sul informe que são feitas ações preventivas no setor, no passado, a Agência Nacional das Águas, do Ministério do Meio Ambiente, divulgou relatório apontando que, em Mato Grosso do Sul, três barragens preocupam autoridades, pela falta de segurança.
São elas a barragem Lajeado, da concessionária de água Águas Guariroba, em Campo Grande, e duas particulares, Cabeceira da Onça e Esteio (Rio Brilhante).
Em dezembro de 2017, a barragem Lajeado sofreu um “galgamento”, quando a água ultrapassa a estrutura.
Segundo o Relatório de Segurança de Barragens, a barragem se rompeu durante evento de cheia.
De acordo com o relatório, a barragem Cabeceira do Onça apresenta problema em “floresta no talude, material solto por cima e presença de algumas fissuras”; a de Esteio “grande vazão no pé da barragem” e a de Lageado “problema de vedação no vertedor”.
As três barragens são de fiscalização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) que, após a tragédia, informou que vai fazer novas vistorias em MS.
Em 23 de janeiro, dois dias antes da tragédia, representantes da Vale se reuniram com o prefeito de Ladário, Iranil Soares, para estreitar os laços entre o município e a empresa.
A parceria seria em prol do desenvolvimento do município sul-mato-grossense.
Só precisamos nos lembrar de que não há desenvolvimento sem meio ambiente.
Com a destruição resultada de tragédias como a do rompimento das barragens, os moradores locais sobreviventes se veem dependentes de recursos estatais e da alimentação comprada em supermercados.
Pois não podem plantar, os animais desaparecem da região e o rio segue inutilizável, em um processo de recuperação que pode levar décadas.
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