Aquífero Guarani, reserva de água doce em MS
Antes de mais nada, sabia que o Aquífero Guarani é uma das maiores reservas subterrâneas de água doce da América do Sul, Mateiro?
Além disso, ele é um dos grandes sistemas aquíferos do mundo e boa parte desta água está em MS!
Pra começar, a profundidade do Aquífero Guarani é de 1.500 metros e uma área total de 1,2 milhão de km².
As águas do Aquífero Guarani englobam quatro países:
- Brasil (840.000 km²),
- Argentina (225.500 km²),
- Paraguai (71.700 km²) e
- Uruguai (58.500 km).
Por isso, ele é chamado também de “Aquífero Gigante do Mercosul”.
Dessa forma, fica difícil até de imaginar a quantidade de água que se dá para armazenar, né?
Mas, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), as reservas permanentes de água são da ordem de 45 mil quilômetros cúbicos.
Mas você sabe onde está localizado o Aquífero Guarani no Brasil?
Aproximadamente 65% desse total está localizado no território brasileiro.
Ou seja, cerca de 2/3 da área do Aquífero Guarani fica na região centro-sudoeste do Brasil.
Assim, ele se estende desde a Bacia Sedimentar do Paraná até a Bacia do Chaco–Paraná.
Mato Grosso do Sul é o estado que tem maior concentração de água do Aquífero Guarani
Antes que você duvide, Mato Grosso do Sul é o estado que tem maior concentração de água do Aquífero Guarani, com 213.200 km².
Porém, ele ainda se estende pelo subsolo de:
- Mato Grosso (26.400 km²),
- Goiás (55.000 km²),
- Minas Gerais (51.300 km³),
- São Paulo (155. 800 km²),
- Paraná (131.300 km²),
- Rio Grande do Sul (157.600 km²) e
- Santa Catarina (49.200 km²).
Com isso em mente, é de se imaginar a capacidade de um aquífero como tem para abastecer, né?!
De forma sustentável, ele provê cerca de 400 milhões de habitantes, com 43 trilhões de metros cúbicos de água doce por ano.
Assim, sua recarga natural anual, feita principalmente pelas chuvas, é de 160 Km³/ano.
Destes, 40 Km³/ano constitui o potencial explorável sem riscos para o sistema aquífero.
Com mais de dois mil poços perfurados, com profundidades que variam entre 100 e 300 metros, o Aquífero Guarani é um importante manancial para o nosso consumo.
Afinal, como se formou o Aquífero Guarani?
Primeiramente, um aquífero nada mais é que um grande reservatório de água sob a superfície dos continentes.
Em síntese, ele se forma nos poros dos sedimentos e das rochas que os compõem e corresponde a aproximadamente 97% de toda água doce e líquida do planeta – sem considerar oceanos e geleiras.
Então, a formação de um aquífero acontece em duas etapas.
– Na criação do espaço poroso resultante da sedimentação da rocha;
– E pelo preenchimento desse espaço com água.
Por ser bastante antigo, o Sistema Aquífero Guarani tem sua formação relacionada à deposição de seus sedimentos em um ambiente desértico de grandes dunas.
Com o passar do tempo, eles surgiram na superfície, recebendo água da chuva, e infiltrando-se pelas rochas, integrando os poros.
A partir daí, essa água não permanece parada, movimentando-se no subterrâneo.
Isso significa que, geralmente, ainda existe uma descarga dessa água, em rios de superfície.
O armazenamento da água do Aquífero Guarani acontece em consequência da estrutura geológica da região.
Essa estrutura é composta de pouca argila e muita areia, trabalhando como se fosse uma esponja gigante, absorvendo a água das chuvas, que fica confinada sob muitos metros de rochas impermeáveis.
As unidades geológicas que compõem o Sistema Aquífero Guarani são conhecidas desde o fim do século 19.
Naquela época, ele era conhecido como Aquífero Botucatu-Piramboia – os nomes dessas formações.
Nome do aquífero é homenagem a indígenas da região
Com o avanço das pesquisas, a partir anos dos anos 1990, foi possível mapear e conferir se todas as unidades geológicas eram conectadas.
Em 2003, foi enfim constatado o que conhecemos hoje como o Aquífero Guarani.
Pra finalizar, ele tem esse nome em homenagem às populações indígenas que viveram ao longo de sua região.
Tudo isso torna o Aquífero Guarani um reservatório com potencial para abastecer grandes cidades por muitos anos.
Tendo em vista que a extração e uso dessa água dependem de cada caso.
Sobre a qualidade da água do Aquífero Guarani, existem diferenças.
Em terras sul-mato-grossenses e paulistas, as águas são mais salinas perto do rio Paraná.
Embora apresentem condições favoráveis a uma qualidade boa de água.
Apesar de Mato Grosso do Sul estar na área privilegiada, nem toda água deste reservatório pode ser utilizada, e cuidados são necessários para que ela não acabe poluída ou esgotada.
Pois, sem a recarga pela chuva ou com a retirada excessiva de água, o manancial pode desaparecer.
Privatização do Aquífero Guarani é possível?
Há tempos correm boatos sobre a privatização do Aquífero Guarani.
Mas, segundo especialistas, essa hipótese é bem pouco possível.
Pois seria mais simples requerer o uso aos órgãos competentes, sem desgaste político ou problemas de imagem perante a população.
Diante disso, a preocupação então volta a ser a exploração ilegal e sem fiscalização, tendo pouca eficiência dos órgãos responsáveis.
Atualmente, a lei que regula a exploração das águas subterrâneas é de cada estado da União, que tem soberania para administrá-las ou outorgar o uso para gerenciamento privado.
Para haver possibilidade de compra, seria necessário mudar a Constituição vigente.
Por enquanto, vamos acompanhando então.
A gente se vê!
Tchaau.
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