Em 19 de setembro, Mato Grosso do Sul comemora uma das suas riquezas culturais, o chamamé.
Estilo musical tradicional da província de Corrientes, na Argentina, o chamamé é parte da identidade sul-mato-grossense e foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Mato Grosso do Sul em 2017.


By EugeniaCoriaSuligoy – Own work, CC BY-SA 4.0, Link
Apesar de a sua origem ser relacionada à Argentina e ao Paraguai, pois é derivado da polca paraguaia, o chamamé caracteriza uma identidade cultural ligada a origens guarani, de exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos.
E, em Mato Grosso do Sul, é encontrado em consequência da sua localização geográfica e intenso intercâmbio cultural com o Paraguai, que tem forte influência no Estado, como idioma, crenças, gastronomia, hábitos e a música.
Mesmo vindo da Argentina, vários outros estados brasileiros, além de Mato Grosso do Sul, têm o chamamé em suas culturas, como o Paraná e o Rio Grande do Sul.
A grande hipótese sobre o nome “chamamé” é de que, para alguns, ele significa “improviso”, o que nada lembra o ritmo chamamezeiro, que atualmente tem letra, com início, meio e fim, e acordes singulares entre uma e outra composição.
Outros dizem que o nome origina-se de “che”, “ama” e “me”, da língua falada pela tribo indígena do Sul do continente, significando “Minha amada”.
Na capital sul-mato-grossense, Campo Grande, o Instituto Cultural Chamamé MS, trabalha visando a preservação do chamamé.
Em 2017, numa parceria com o governo do Estado, o Instituto Cultural Chamamé MS, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, promoveu o 1º Festival.
Internacional de Chamamé do Estado, Integração Brasil – Argentina – Paraguai.
Neste ano, o evento se repete, agregando nomes importantes do chamamé da Argentina e do Paraguai, países convidados que enviarão músicos, dançarinos e estudiosos do estilo.
“Capital Estadual do Chamamé”, Rio Brilhante
Em Mato Grosso do Sul existe até a “Capital Estadual do Chamamé”.
Rio Brilhante – a 150 km de Campo Grande -, também conhecida como pequena cativante, ganhou este título e destaca-se por manter viva a cultura do chamamé.
Nas décadas de 1960 e 1970, artistas regionais tiveram visibilidade no estilo.
Nesta época, Zé Corrêa – que era considerado o Rei do Chamamé -, as duplas Délio e Delinha, Beth e Betinha, assim como o cantor Castelo eram nomes referência do chamamé sul-mato-grossense, influenciando os mais recentes Marcelo Loureiro e Vinicius Teló, por exemplo.
Tradicionalmente, o chamamé era executado por um bandaleon e dois violões.
Atualmente, a música inclui acordeon, violões, percussão, harpas, e até guitarras elétricas.
Em Mato Grosso do Sul, vivenciamos o chamamé em churrascos, festas populares e bailes, ao lado de outros ritmos da cultura local, como polca paraguaia, guarânias, vanerão gaúcho e o rasqueado sul-mato-grossense.
O então governador André Puccinelli sancionou, em 2009, a lei que institui o dia 19 de setembro como o Dia Estadual do Chamamé, contribuindo para que a nossa cultura seja valorizada e reconhecida por outros povos.