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Carne com gosto ruim? Será o caroço de algodão?

Mateiros fãs de um bom churrasco sabem a decepção que é quando se deparam com uma carne com gosto ruim, né?!

O Brasil é um dos maiores produtores, exportadores e consumidores de carne bovina do mundo.

Com certeza, Mato Grosso do Sul colabora para que o país se mantenha nesse ranking.

Nossa eficiência está na genética, na produção no campo e na indústria.

Com o manejo adequado, evitamos que o sabor da carne venha a sofrer algum tipo de alteração.

foto: internet

Porém, não é beeeeeeem assim.

Boas práticas e alimentação de bovinos

É essencial entender que o manejo inadequado é uma das principais razões para a mudança no sabor da carne.

Vacinação, pesagem, transporte, assim como a raça do gado, tipo de dieta, os processamentos pós-abate e o método de cozimento, claro, também estão nessa lista.

E, para alimentar o rebanho, principalmente em confinamento, uma estrutura de logística se faz necessária, para compra, venda e armazenamento dos alimentos.

E isso pode ser inviável ($$) em uma produção em alta escala.

Assim, uma das saídas é utilizar as dietas de “alto grão”, que são à base de concentrados com uma elevada composição de ácidos graxos.

São aproveitados os subprodutos da agroindústria – resíduos de frutas, casca de soja, levedura de cana, farelos e o caroço de algodão, um dos mais polêmicos para o sabor “diferenciado”.

Caroço de algodão deixa a carne com gosto ruim?

O caroço de algodão é um subproduto que vem das máquinas algodoeiras, depois da retirada da pluma, e tem grande utilidade na nutrição de ruminantes.

Favorável ao caroço de algodão está o fato de que ele tem bom valor proteico e energético, com características de alimento volumoso, além de ser ótima alternativa de baixo custo para compor a alimentação do rebanho, sobretudo na seca, em que há escassez de pasto.

foto: internet

Mas vem rondando sobre ele a suspeita de que o seu consumo pode causar mudanças no sabor e no aroma da carne.

Uma das hipóteses é a de que o boi não possui organismo adequado para digerir gordura, e o caroço de algodão é rico em óleo.

Bom, embora com bons pontos a favor, o caroço de algodão tem um fator anti-nutricional chamado gossipol, um composto presente na semente do algodão que varia conforme o cultivar. Em pequenas quantidades, o gossipol é inofensivo.

Mas em grandes porções e durante longo tempo, seu uso pode ocasionar lesões cardíacas e hepáticas, principalmente em animais jovens,com tratamento bastante difícil.

Nos machos, o gossipol ainda pode provocar azoospermia ou causar impacto na fertilidade, sintomas que podem ser reduzidos quando a dieta é rica em cálcio, que neutraliza o gossipol.

Ou seja, não é recomendado o uso do caroço de algodão em dietas de bezerro sem o pleno desenvolvimento ruminal nem em machos reprodutores.

Pois a utilização do caroço de algodão como ingrediente da dieta de bovinos precisa respeitar suas restrições para que o desempenho do animal não seja comprometido – nem a sua carne termine com um sabor que não agrade a ninguém.

A dieta com caroço de algodão deve ter um limite

Os entendimentos são de que podem ser adicionados, no máximo, 17% do produto na dieta dos bovinos sem comprometer o sabor ou o odor da carne.

Outros especialistas dizem que ainda não se pode afirmar com certeza o que afeta realmente as características da carne.

foto: internet

Subprodutos, em geral, ajudam o meio ambiente, minimizam o custo da dieta (elevando o lucro do produtor) e não competem com a alimentação humana, como é o caso do milho.

Nas mãos do bom produtor, o caroço de algodão é uma ferramenta rentável na produção, com maior produtividade e menor custo.

Ainda é necessário aprofundar as pesquisas sobre esse subproduto, buscando possíveis respostas e soluções.

Enquanto o caroço de algodão permanece no banco de réus e especialistas se dividem sobre o seu futuro, a gente permanece atento na hora da compra da carne.

Mato Grosso do Sul, em grande parte, ainda cria o gado no pasto. Mas é uma realidade que vem mudando a cada ano.

Uma alternativa é comprar diretamente de sitiantes, evitando os frigoríficos, o que praticamente elimina o risco de adquirir a carne de confinamento.

E lembre-se: carne com cor, odor ou sabor alterados precisa ser devolvida.


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