Poucos lugares despertam tanto encanto quanto as águas cristalinas de Bonito, em Mato Grosso do Sul, e convidam para flutuação.
A transparência dos rios, com certeza, é um dos fatores que tornam os passeios em Bonito um belo espetáculo.
Essa magia é gerada pela alta concentração de calcário na água dos rios, tornando-a tão cristalina que é possível ver de pertinho as espécies de peixes da região, como piraputangas, curimbatás, dourados e pacus.
Essa grande concentração de calcário – ou “carbonato de cálcio” – faz com que a água fique sempre transparente, pois ele possui uma propriedade de calcificar qualquer sólido que esteja na água, deixando-o mais pesado e concentrando-se naturalmente no fundo do rio.
Se um objeto fica na água por muitos anos, ele perde a forma original porque o calcário calcifica o seu redor e, com o passar do tempo, se transforma em uma rocha calcária.

Ao quebramos a rocha, que é bastante frágil, encontramos aquele objeto dentro dela.
O mesmo pode acontecer com os troncos de árvores e até mesmo galhos e folhas.
Além disso, o sólido calcificado fica com coloração de areia.
De onde vem o calcário presente nas águas cristalinas
A grande quantidade de calcário presente nas águas dos rios acontece em razão de Bonito estar localizado na Serra da Bodoquena, composta há milhões de anos e formada por um imenso bloco de calcário.
Formas primitivas de vida habitavam um antigo mar que existia na região, e alguns desses seres eram algas que proporcionaram a formação de sedimentos calcários.
Com o tempo, esses sedimentos se depositaram no fundo do mar, secaram e deram origem às pedras cinzas que podem ser avistadas nas cavernas da região, cuja idade é de 650 milhões de anos.
Esse calcário modifica a paisagem de tempos em tempos.
Quando chove, por exemplo, a água ácida da chuva se infiltra pelo solo até o subsolo, que é praticamente todo composto de calcário.
Ao agir quimicamente no calcário, o ácido da água da chuva o desmancha aos poucos, criando buracos, dutos e conduto.
Com o calcário que se desmanchou com a acidez, surgem novas nascentes dos rios de águas cristalinas.
Mas qualquer objeto, planta ou galho podem ser calcificados na água e se transformarem em uma parede de calcário, surgindo uma pequena queda d’água.
Da mesma forma, podem aparecer também novas quedas d’água e, por fim, cachoeiras.
Resumindo: em Bonito, as cachoeiras crescem, pois uma pequena cachoeira poderá ser uma cachoeira maior algum dia.

Photo credit: The Iglesia`s on VisualHunt / CC BY-NC-ND
Nesse processo, as rochas vão aumentando e, sob a queda d’água, fica um oco, que se transforma em uma média ou pequena cavidade ou gruta.
Com muitas grutas, cavernas, buracos e lagos internos, o município de Bonito é o paraíso para os estudantes dessas formações, que se deram ao longo de milhões de anos e ainda vão se transformando.
O calcário é o material básico para a fabricação do cimento e também usado para corrigir a acidez do solo das plantações.
Tudo isso é muito bom, mas o há o lado negativo do calcário nas águas cristalinas, podendo entupir as tubulações e canos hidráulicos, calcificar as resistências elétricas dos chuveiros, ressecar a pele e os cabelos e, se ingerida, pode soltar o intestino e também dar azia.
Com os cuidados lembrados, esse certamente é um dos fatores que tornam encantadora a experiência de conhecer Bonito e contribui muito para que a cidade faça juz ao seu nome.